Página
psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na manhã do dia 4 de novembro
de 2013, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia:
ATENDIMENTO FRATERNO
Quando alguém propõe-se a auxiliar o seu próximo, colocando-se à disposição
para o atendimento fraterno, desenvolvem-se-lhe os sentimentos de elevação
moral e espiritual, possibilitando-lhe a bênção da sintonia com o mundo
transcendente superior.
Entidades nobres, encarregadas de contribuir em favor do progresso da sociedade
acercam-se-lhe e passam a inspirá-lo e a protegê-lo com mais assiduidade, a fim
de que sempre se encontre em condições seguras para o mister.
Quando se aprende a ouvir com serenidade, especialmente as queixas e
reclamações, os brados de desespero e os profundos silêncios da angústia, ou
simplesmente permitir que haja uma catarse de quem sofre, interessado em
socorrer bondosamente, nunca lhe faltam os valiosos recursos do auxílio dos
Mentores, que vão além das palavras consoladoras e calmantes, como também
através dos processos fluidoterápicos valiosos.
Os grandes problemas e desafios humanos encontram-se ínsitos na própria
criatura, desestruturada para os enfrentamentos, no debate de inúmeros
conflitos não resolvidos e procedentes do passado espiritual, que se
transformam em terríveis algozes, acicatando o cerne da alma e aturdindo a
mente, colocando fantasmas aparvalhantes onde existem somente frustrações e
insegurança.
Quaisquer pequenas ocorrências desagradáveis são transformadas em tremendos
sofrimentos que aumentam na razão direta em que a falta de equilíbrio e
maturidade para resolvê-los, induz à autocompaixão, à revolta, à insanidade.
Todos os males que aturdem o ser humano procedem do seu íntimo e somente na sua
raiz devem e podem ser solucionados. Por essa razão, cada Espírito é o
somatório das suas experiências evolutivas através do curso das reencarnações. A
ignorância desse mecanismo sublime permite ao indivíduo manter-se em deplorável
situação existencial, o que lhe proporciona a instalação de conflitos e
tormentos desnecessários à evolução, mas que são o inevitável efeito dos
comportamentos insanos. A consciência exige a reparação de todo e qualquer
atentado às Leis Cósmicas de harmonia, e, por essa razão, mantém, no
períspírito, os arquivos de todas as ocorrências existenciais. Oportunamente,
tudo aquilo que lhe constitui culpa, leviandade, violência, extravagância na
conduta, agressão à vida sob qualquer aspecto, emerge, a fim de que se lhe
permita a elevação a nível mais significativo, portanto, à capacidade de registros
mais profundos e menos grosseiros, defluentes da animalidade por onde transitou
no passado. É comum, portanto, que as aflições emocionais prolongadas terminem
em mecanismos de somatização, o que dá surgimento a enfermidades orgânicas
muito complexas, ao mesmo tempo enseja contaminações de vírus, bactérias e
outros microorganismos danosos à saúde.
Tendo-se em vista a necessidade da reparação dos erros pretéritos e próximos,
ocorrem, inevitavelmente, as interferências espirituais negativas que mais agravam
a problemática afligente.
Noutras vezes, e não em número inexpressivo, toda ocorrência de sofrimentos tem
origem na presença e imantação fluídica de adversários espirituais do ontem,
que não conseguiram superar os ressentimentos e optam pela infeliz cobrança,
como se fossem transformados nos braços da divina justiça, iniciando as sutis
ou abruptas obsessões de efeitos danosos e de complexidade terapêutica muito
grande, por depender essencialmente do enfermo.
Em quaisquer casos, no entanto, a compreensão do atendente fraterno torna-se
essencial.
A não pressa em dialogar, os cuidados com as colocações propostas, o evitar
sempre diagnósticos depressivos ou alarmantes informações sobre perseguições de
ordem espiritual, que os necessitados ignoram, são essenciais, a fim não lhes
produzir mais danos que benefícios.
A discrição do ouvinte, na condição de cooperador espiritual, torna-se
relevante, sem expor a outrem, sem comentar as experiências dolorosas do seu
próximo, enquanto mantém cuidados no dialogo esclarecedor à luz da meridiana
sabedoria do Espiritismo. Jamais sugerir terapias fora daquelas recomendadas
pela Doutrina Espírita, seja orientar a busca de profissionais na área da
saúde, propor superstições em voga ou aquelas que são heranças do passado, assinalando
o atendimento pela serenidade, compreensão e gentileza, ao tempo em que,
tampouco, deve prolongar por muito tempo a conversação psicoterapêutica, para
evitar criar dependências emocionais e afetivas com o cliente. De bom alvitre
manter-se o cuidado de não receber o mesmo enfermo continuamente, desde que,
após instrumentalizá-lo para os esforços pessoais que deve aplicar-se na busca
da saúde, encaminhá-lo às das reuniões de explicações doutrinárias, assim como
receber os auxílios fluídicos. Cuidar de não prometer curas e soluções
mirabolantes, porque cada caso é especial, sua estruturação no Espírito tem uma
longa história de difícil compreensão num rápido lance, nem encorajar ilusões
difíceis de serem tornadas realidade.
O atendimento fraterno não substitui o confessionário das antigas religiões nem
deve permitir que o entrevistado revele segredos, de que se arrependerá, para
que o ouvinte não se transforme num cofre de revelações dispensáveis para o
mister. Algumas pessoas têm falsa necessidade de narrar os dramas interiores,
envolvendo os membros da família, especialmente os parceiros ou afetos, como
responsáveis pelo que lhes ocorre, e isso acarreta problemas mais sérios, por
causa da utilização intencional de usar os conselhos como arma contra aqueles
que supõem serem os seus algozes.
Os
dramas existenciais de heranças, de infidelidade conjugal, de rebeldia de
amigos e familiares devem sempre ser ouvidos com silêncio, desviando o tema
para as consolações que a Doutrina propõe, assim como para o estudo de O Livro
dos Espíritos, de Allan Kardec, a fim de o fazê-las entender as razões das
ocorrências que assinalam.
Trata-se, portanto, o atendimento fraterno, de um valioso e grave compromisso
que se constitui num importante desafio a que a pessoa se submete. Nele
encontra-se também a mensagem da caridade no aspecto delicado da assistência
moral e espiritual, sempre dignificando aquele que chega atormentado e carente
de afetividade, não se permitindo, porém, arrebatamentos e emoções que possam
transformar-se em sentimentos de paixões subalternas ou de excessiva compaixão.
Quando o atendente está consciente dos fatores que respondem pelas provações,
esclarecido pelo conhecimento da reencarnação em nome da Divina Justiça, não
perde a serenidade diante dos mais escabrosos acontecimentos, não se choca com
narrações exageradas ou graves, a fim de que a sua palavra e a sua emoção sob
controle possam sustentar o combalido, ao invés de desviar-se do essencial para
os comentários paralelos sem significado. Nunca dizer de improviso que o
problema é resultado de obsessões espirituais nem fazer narrações aterradoras,
ou que se trata de mediunidade não cuidada, por falta da prática da caridade,
já derrapando em julgamentos que não têm cabimento. Fortalecer o ânimo do
visitante com jovialidade e ternura, ao tempo em que lhe demonstre a
necessidade de responsabilizar-se pelas ocorrências e conseguir superá-las com
paciência, com mudança das paisagens mentais e com a consequente alteração do
comportamento moral para melhor.
O atendimento fraterno objetiva diluir informações equivocadas que o paciente
traz sobre o Espiritismo, retirar-lhe a ideia mágica ou sobrenatural, deter-se
no problema central, sem desvios narrativos inecessários, com demonstração de
solidariedade, mas sem parecer que, a partir daquele momento, tudo se
modificará ou pretender assumir o compromisso de passar a carregar-lhe a
problemática.
Jesus, o exemplo máximo de atendimento fraternal aos infelizes, na Sua
superioridade moral, evitava os diálogos longos e as interrogações secundárias,
sendo direto no exame da questão, quando perguntava aos que O buscavam: - Que
queres que eu te faça? Ou Tu crês que eu te posso curar? E, de maneira
incisiva, após operar a mudança no transtorno de qualquer natureza do enfermo,
completava: - Vai e não tornes a pecar, a fim de que não te aconteça nada
pior.
Impossibilitado de agir de igual maneira, o atendente espírita, deve sempre
dispor-se a ajudar, favorecendo o visitante com as diretrizes para a autoajuda,
para a sua renovação e saída do erro gerador do distúrbio que o aflige. Orientar
com sabedoria e bondade é uma difícil arte de amar. O ser humano de hoje conduz
interiormente todas as heranças do longínquo passado, por cujos territórios
passou armazenando experiências nem sempre edificantes. A predominância das
paixões primitivas remanescem fortes, dificultando-lhe o desenvolvimento moral
que é mais lento e mais mportante. Por essa razão, os diálogos durante o breve
contato entre paciente e atendente deve constituir-se de singulares cuidados,
especialmente preservando a integridade moral de ambos os dialogadores.
Todos
aqueles que chegam atormentados em busca de conforto moral, trazem, às vezes,
inconscientemente, as respostas que gostariam de ouvir, especialmente os
queixosos e reclamadores, os acusadores e os depressivos, sendo indispensável
manter-se cuidado com as palavras a exteriorizar-lhes e sem nenhuma presunção
de convencê-los, mas sim, responder às indagações que sejam feitas, ao tempo em
que favorece com os caminhos a percorrer a partir daquele momento.
Jamais
sugerir o abandono das terapêuticas médicas a que vêm sendo submetidos, não
interferindo numa área que não lhe diz respeito, nem tem condições de
pronunciar-se. Pelo contrário, vale o cuidado de interrogar-lhes se recebem
assistência especializada e mesmo diante da reclamação de que a mesma não tem
dado os resultados desejados, estimulá-los a prosseguir ou mesmo, se for o
caso, procurar outro facultativo.
O
Espiritismo não vem combater nenhuma ciência, especialmente a médica, antes
contribui em favor de resultados mais amplos, por demonstrar que o Espírito é o
ser do qual procedem todas as manifestações existenciais. Essa união das duas
doutrinas – a médica e a espírita – é de fundamental significado para o
bem-estar da criatura humana e, por extensão, da sociedade.
Nas recomendações que se deve apresentar ao paciente, é necessário elucidar o
valor dos passes, da água magnetizada ou fluidificada, da oração e do
comportamento como indispensáveis à sua recuperação. Em circunstâncias mais
embaraçosas, não perder a calma, não reagir da maneira como seja agredido,
tendo em vista que o socorro não se pode converter em revide, porque o doente
nem sempre tem noção exata de como se está conduzindo durante o atendimento. São
muitas as angústias que desnorteiam o ser humano e, em razão disso, os
desequilíbrios emocionais tornam-se mais comuns e repetitivos, merecendo mais
cuidado e entendimento fraternal, acalmando-o com vibrações de ternura e ondas
de caridade, que constituem especial elemento de recuperação.
Cuide-se
o atendente fraterno de orar com unção, experienciar contínuas emoções de
alegria pela alta honra de poder servir, mantendo-se em sintonia com o Divino
Médico de todos, que se encarregará dos resultados finais.
Por fim, aplicar-se o sublime ensinamento: Fazer ao próximo como gostaria que o
mesmo lhe fizesse. Nisso reside o êxito do empreendimento de amor, resultando
na caridade numa das suas mais sublimes manifestações.
Manoel Philomeno de Miranda
(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na manhã do dia 4 de
novembro de 2013, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.)